Brasileiros estão usando mais carros e poluindo mais no trânsito


Se você vive em uma grande região metropolitana, são grandes as chances de você levar mais de uma hora no caminho da casa para o trabalho. Entre 1992 e 2008, o percentual de pessoas que levam esse tempo para fazer o percurso saltou de 15,7% para 19%. Ou seja, mais gente está levando mais tempo para se deslocar. Por trás dessa realidade, uma outra: brasileiros estão usando mais carros e poluindo mais.

O índice está presente em um estudo apresentado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta semana. Intitulado A Mobilidade Urbana no Brasil, a pesquisa é um importante instrumento de reflexão para os problemas de transporte que acometem as metrópoles brasileiras. Resolver questões de mobilidade e oferecer eficiência na movimentação da população, como diz a pesquisa, é “garantir às pessoas o seu direito à cidade”.

Uns dos principais problemas apontados para esta situação são os incentivos exacerbados e a valorização do transporte individual ao longo das últimas décadas. Com o crescimento urbano acelerado a partir dos anos 50, as cidades passaram a ter “sistemas de mobilidade de baixa qualidade e alto custo”. Leia-se: muito carro.

Entre 1977 e 2005, o uso do transporte público nas grandes regiões metropolitanas do Brasil caiu de 68% para 51%. Já a utilização do automóvel foi crescente, passando de 32% para 49%, o que gerou mais gastos, mais consumo de energia, mais poluição, mais congestionamento e mais acidentes. De menos? Só qualidade de vida.

O estudo também aponta outros números que merecem destaque:

- Se o ritmo de venda de veículos continuar como está, as frotas deverão dobrar até 2025;

- Entre 1992 e 2008, o tempo médio de deslocamento entre casa e trabalho da população das dez principais regiões metropolitanas do país subiu aproximadamente 6%;

- O Brasil tem poucos trens e metrôs. Apesar disso, a demanda dos sistemas ferroviários urbanos aumentou mais de 30% na última década;

- Os automóveis recebem até 90% dos subsídios dados ao transporte de passageiros no Brasil, 12 vezes mais que o transporte público;

- O Índice de Mobilidade médio da população das metrópoles brasileiras é de 1,86 viagens/habitante/dia. Países desenvolvidos têm o dobro da mobilidade;

- O transporte privado, considerado em cidades com mais de 60 mil habitantes, emite 15 vezes mais poluentes que o transporte público;

- Os automóveis consomem 68% da energia total usada nos deslocamentos nessas cidades. O transporte coletivo, 32%.

Por fim, o estudo aponta dois desafios básicos: primeiro, tratar o transporte público como serviço essencial, e segundo, inverter prioridades de uso do espaço e de escolha dos meios de locomoção.

Será que as soluções virão antes que as cidades parem de vez?

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