Judiciário de joelhos: CCJ aprova projeto que susta decisões do Judiciário
Judiciário será Departamento do Executivo em brave.
O autor da proposta pretende criar um "Super-Legislativo", alegando que "eles é que fizeram a Constituição", e o Relator da matéria é filho de um ex-governador e ex-ministro da Justiça da Ditadura Militar. Resumo da ópera: se eles se julgam os donos da Constituição e querem transformar o Judiciário num Departamento, imagine o que não pretendem fazer com a população ou com quem fizer cara feia pra eles.
Veja abaixo a matéria, com os respectivos créditos:
CCJ aprova projeto que susta
decisões do Judiciário
Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou
nesta quarta proposta de emenda constitucional que permite ao Congresso
sustar decisões do Judiciário. Hoje, o Legislativo só pode mudar atos do
Executivo. A proposição seguirá para uma comissão especial.
A polêmica proposta foi aprovada por unanimidade após uma articulação de
deputados evangélicos e católicos. Para eles, a medida é uma resposta à
decisão do Supremo Tribunal Federal, que legalizou o aborto de fetos
anencéfalos. Se a regra já estivesse em vigor, os parlamentares poderiam
tentar reverter a permissão de interromper a gravidez nesses casos.
O texto considera de competência do Congresso sustar "atos normativos dos
outros poderes que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa". Além de resoluções de tribunais e atos de
conselhos, há deputados que acham ser possível sustar decisões do Supremo
com repercussão geral e até súmulas vinculantes.
Autor da proposta, o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), argumenta que o
Legislativo precisa ser o poder mais forte da República, por seu caráter
representativo, e que decisões do Judiciário nos últimos anos têm ido além
do que diz a Constituição.
"O Poder Judiciário - que não foi eleito, é nomeado - não tem
legitimidade para legislar. É isso que desejamos restabelecer para
fortalecer o Legislativo", alega Fonteles. "Aliás, fomos nós que fizemos a
Constituição."
O relator da proposta na CCJ, Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), destaca
que a possibilidade em discussão não abrange julgamentos específicos dos
tribunais, mas casos em que o Judiciário ultrapasse sua função ao
determinar novas regras.
Montesquieu
O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), entende que a proposta viola a
harmonia entre os Poderes. "Montesquieu deve estar se agitando na tumba",
brincou, em referência ao teórico da separação dos poderes. Alencar avalia
que a proposta pode prosperar, por causa do desejo da Casa de reagir a
algumas posições do Judiciário. "Essa proposta é tão irracional e ilógica
quanto popular e desejada aqui dentro. Vai virar discurso de valorização do
Legislativo."
Para se tornar um marco legal, a proposta precisa ser aprovada em
plenário duas vezes, com 308 votos, antes de ir ao Senado.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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