Região mais valorizada no Nordeste, Litoral Norte atrai R$ 4 bilhões em projetos turísticos

Preferida pelas empresas, região tem 70% dos investimentos


Comercial Aero, em Lauro de Freitas

 Para quem conhece Praia do Forte, Imbassaí e adjascências, não é difícil imaginar por que o Litoral Norte é o preferido dos empresários do turismo. Nos próximos oito anos serão R$ 5,7 bilhões investidos na Bahia, e  boa parte desse dinheiro (R$ 3,9 bilhões) já tem destino certo: as regiões paradisíacas que compõem a chamada Costa dos Coqueiros.

O resto do montante será repartido entre outras regiões turísticas: Baía de Todos os Santos, Costa do Dendê, Costa do Cacau, Costa do Descobrimento, Chapada Diamantina e Caminhos do Sudoeste.

O Litoral Norte, de Lauro de Freitas até a fronteira com Sergipe, é hoje o principal polo turístico da Bahia por conta da sua infraestrutura”, confirma o secretário de Turismo, Domingos Leonelli. Segundo ele, os outros principais destinos turísticos no estado são Salvador, Porto Seguro, Arraial D'Ajuda, Trancoso, Maraú e Morro de São Paulo.

Este mês, foi assinado o protocolo de intenções para um megaempreendimento em Jandaíra, a 28 quilômetros de Mangue Seco e a 175 quilômetros de Salvador. O Costa Azul Bahia Golf será um complexo turístico, hoteleiro e residencial, com nove  milhões de metros quadrados. O espaço inclui ainda campo de golfe e áreas de lazer e outros esportes. A previsão é que sejam gerados  seis mil empregos diretos e indiretos.


O Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa será ampliado até junho de 2014: investimento de R$ 90 milhões

O acordo prevê, por parte dos empreendedores, a utilização de mão de obra e tecnologia locais. A construção do complexo deve ser iniciada no primeiro semestre de 2013, com a conclusão prevista para dezembro de 2015. Segundo a Secretaria Estadual de Turismo (Setur), a expectativa é que o faturamento anual do empreendimento seja de R$ 44 milhões.

O coordenador geral do projeto, César Barreto de Araújo, explica que o espaço terá 2.250 unidade habitacionais, entre quartos de hotel e residências. O investimento inicial é de R$ 312 milhões, mas já está prevista uma segunda etapa, ainda sem data definida, totalizando R$ 750 milhões.

“Serão pequenos prédios de, no máximo, dois pavimentos. Terá casas também”, anuncia. Segundo ele, haverá unidades de valores variados. Já os hotéis não serão para qualquer um. “A hotelaria é de altíssimo padrão. Mais do que cinco estrelas”.

O padrão ‘AAA’, aliás, é uma constante nos próximos empreendimentos da região. Com dois resorts de alto luxo na Praia do Forte, a rede Iberostar investirá agora em residências. “É para o público brasileiro classe A. Estamos investindo em dois, três e quatro quartos e, pelas vendas que estamos tendo, existe, sim, público para isso”, garante Javier Trinidad, diretor geral do Iberostate (o braço imobiliário do Grupo Iberostar).

O secretário Leonelli concorda: “Se o brasileiro gasta tanto na Europa e nos Estados Unidos, ele também pode gastar com o turismo de luxo no Brasil”. E é bom que gaste mesmo, porque até 2020 serão mais 37 mil novos leitos de hotéis e 53 empreendimentos turísticos (incluindo os hotéis), entre reformas, ampliações e novas construções. Desses, 17 estão no Litoral Norte, sendo 14 novos hotéis, um residencial, uma ampliação e uma fazenda de entretenimento. 

Negócios 

Nessa conta também estão incluídos os investimentos voltados ao turismo de negócios. É o caso do Aero Espaço Empresarial e Hotel, em Lauro de Freitas. Segundo Sócrates Abreu, sócio-diretor da construtora Graute, responsável pelo empreendimento, o Aero é um mix de salas comerciais, lojas e hotel

 “A localização foi pensada em função da expectativa de desenvolvimento da região, segundo pesquisas, de uma demanda de negócios e serviços de qualidade e por ser próximo ao aeroporto. A torre hoteleira tem essa função de atender o turismo executivo”, diz Sócrates.

O Aero deve ser entregue em fevereiro de 2014. Também para 2014 está prevista a entrega da ampliação do Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa, em Imbassaí. O resort foi inaugurado em dezembro de 2010 e agora planeja investir R$ 90 milhões na construção de 210 apartamentos.  

Diante de tantos investimentos, o presidente da Associação Baiana da Indústria de Hotéis (ABIH), José Manuel Garrido, pondera que o mercado do turismo não tem demanda para tanto hotel. “Hoje estamos com 60% de ocupação. E o mercado não está crescendo, está estagnado. Pode ser que cresça com a Copa, mas, quando ela passar, não vai ter hóspede para todos esses empreendimentos”.



Licença é problema
Da lista de empreendimentos turísticos previstos para a Bahia, divulgada pela Secretaria Estadual de Turismo (Setur), quase todos sofreram atraso na previsão de entrega. Isso se comparada com uma lista similar, divulgada em março de 2011, que também foi tema de reportagem do CORREIO DA BAHIA.

Entre os motivos citados pela Setur e pelos empresários para os atrasos estão readequações de projetos, crise na Europa (grande parte dos empresários é europeia) e regularização de documentos.

Mas um motivo predomina: a demora na concessão de licenças ambientais. Esse é o caso do Costa Azul Bahia Golf, em Jandaíra, que tinha entrega prevista para janeiro de 2014, mas teve seu cronograma modificado e agora só deve ser entregue em dezembro de 2015.

“O processo de aprovação do órgão ambiental é bastante lento. A gente pensou que ia ter um hotel pronto para a Copa do Mundo, mas não vai. Isso gera um prejuízo porque todo investimento carece de um retorno. Já conseguimos a primeira licença e agora o problema é com a licença de implantação”, reclama o coordenador geral do projeto, César Barreto de Araújo. Mas ele não é o único a se queixar. “É uma coisa que demora muito, é complicado”, concorda Javier  Trinidad, do Iberostate.

Além deles, o grupo Sol Meliá foi outro a sofrer com o problema. O cronograma de seus dois complexos hoteleiros em Guarajuba foi atrasado em pelo menos um ano por conta do mesmo motivo.

Procurado pela reportagem, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) informou que o processo para obter uma licença ambiental demora porque é muito complexo e envolve não só os técnicos do órgão, como a própria empresa (que precisa providenciar um estudo de impacto ambiental da área) e a população residente do local, já que projetos que podem causar muitos impactos precisam passar por audiências públicas.

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