Como era a morte de um faraó?
Com tumbas gigantescas, homenagens e um delicado processo funerário.
Para o faraó, a morte era apenas uma passagem: havia vida do outro lado e, lá, ele continuaria reinando. Por isso, ele passava a vida construindo sua tumba. No começo, erigiam-se as pirâmides, mas os saques constantes forçaram a criação do Vale dos Reis, um cemitério nobre e mais protegido, em Tebas.
Quando morria, o faraó era honrado com festas, cânticos e a leitura do Livro dos Mortos, em que sua alma e seu corpo eram entregues aos deuses Anúbis ou Osíris. Isso acontecia no processo de mumificação, em tendas fora das tumbas. Com o cadáver pronto, havia uma procissão com carpideiras (mulheres contratadas para chorar a morte) e queima de incenso
até o enterro. A importância dada à morte era tanta que, não fossem as
descobertas feitas nas tumbas, muito do que sabemos sobre cultura
egípcia seria mera especulação.
DESSA PARA A MELHOR
Processo funerário demorava até 70 dias e preparava faraó para a outra vida
1. Antes de tudo, eram retirados os órgãos. Com uma incisão no céu da boca ou a perfuração das fossas nasais, alcançava-se o cérebro, que era descartado. A cabeça era preenchida com um material resinoso. Com um corte lateral no abdome, retiravam-se estômago, intestinos, fígado, pulmões e bexiga. Coração e rins eram deixados dentro do corpo.
2. O corpo era desidratado numa solução salina, chamada natrão. Era a etapa mais longa e levava de 30 a 40 dias. Os órgãos que haviam sido retirados também eram desidratados, em seguida perfumados (com mirra) e colocados em pequenos vasos, os canopos, que continham descrições sobre o faraó e sobre o deus de devoção em voga na época.
3. Com o corpo em perfeito estado, mas frouxo pela falta de órgãos internos, era preciso preenchê-lo. Ao longo do tempo, o material mudou: primeiro, era areia, depois palha ou serragem e, finalmente, chumaços de pano. Os faraós do Vale dos Reis tinham o corpo preenchido com linho fino, o mais nobre dos tecidos. As incisões eram costuradas.
4. O corpo era enfaixado com tiras de linho branco embebidas em resina e óleos aromáticos. O processo começava pelos dedos, até que todo o corpo fosse coberto. Entre os panos, eram colocados amuletos, como o Ankh, que ajudava a superar os obstáculos da outra vida. Já o escaravelho, em formato de coração, impedia que esse órgão se separasse do corpo.
5. Os faraós eram enterrados com várias posses, como tronos, itens de decoração e comidas. Era importante que parentes - em especial seu filho mais velho, o novo rei - renovassem as oferendas constantemente, levando incenso e alimento, além de promover rituais. Isso evitava que o falecido sofresse uma "segunda morte", a do esquecimento.
6. No início das dinastias faraônicas, era muito comum serem feitos sacrifícios humanos. Múmias encontradas em cemitérios mais antigos que o Vale dos Reis indicam que familiares próximos e até serviçais eram mortos para servirem o rei no outro mundo. O faraó Djer, por exemplo, foi enterrado com 318 pessoas.
7. Quanto mais rico e poderoso o faraó, maior a quantidade de sarcófagos usados. Eles eram colocados um dentro do outro e, geralmente, feitos de madeira impermeabilizada. Mas outras cápsulas, de pedra e ouro, também eram usadas. O ataúde onde o corpo repousava tinha forma humana e era ostentoso - o de Tut era feito de 110 kg de ouro.
Processo funerário demorava até 70 dias e preparava faraó para a outra vida
1. Antes de tudo, eram retirados os órgãos. Com uma incisão no céu da boca ou a perfuração das fossas nasais, alcançava-se o cérebro, que era descartado. A cabeça era preenchida com um material resinoso. Com um corte lateral no abdome, retiravam-se estômago, intestinos, fígado, pulmões e bexiga. Coração e rins eram deixados dentro do corpo.
2. O corpo era desidratado numa solução salina, chamada natrão. Era a etapa mais longa e levava de 30 a 40 dias. Os órgãos que haviam sido retirados também eram desidratados, em seguida perfumados (com mirra) e colocados em pequenos vasos, os canopos, que continham descrições sobre o faraó e sobre o deus de devoção em voga na época.
3. Com o corpo em perfeito estado, mas frouxo pela falta de órgãos internos, era preciso preenchê-lo. Ao longo do tempo, o material mudou: primeiro, era areia, depois palha ou serragem e, finalmente, chumaços de pano. Os faraós do Vale dos Reis tinham o corpo preenchido com linho fino, o mais nobre dos tecidos. As incisões eram costuradas.
4. O corpo era enfaixado com tiras de linho branco embebidas em resina e óleos aromáticos. O processo começava pelos dedos, até que todo o corpo fosse coberto. Entre os panos, eram colocados amuletos, como o Ankh, que ajudava a superar os obstáculos da outra vida. Já o escaravelho, em formato de coração, impedia que esse órgão se separasse do corpo.
5. Os faraós eram enterrados com várias posses, como tronos, itens de decoração e comidas. Era importante que parentes - em especial seu filho mais velho, o novo rei - renovassem as oferendas constantemente, levando incenso e alimento, além de promover rituais. Isso evitava que o falecido sofresse uma "segunda morte", a do esquecimento.
6. No início das dinastias faraônicas, era muito comum serem feitos sacrifícios humanos. Múmias encontradas em cemitérios mais antigos que o Vale dos Reis indicam que familiares próximos e até serviçais eram mortos para servirem o rei no outro mundo. O faraó Djer, por exemplo, foi enterrado com 318 pessoas.
7. Quanto mais rico e poderoso o faraó, maior a quantidade de sarcófagos usados. Eles eram colocados um dentro do outro e, geralmente, feitos de madeira impermeabilizada. Mas outras cápsulas, de pedra e ouro, também eram usadas. O ataúde onde o corpo repousava tinha forma humana e era ostentoso - o de Tut era feito de 110 kg de ouro.
Curiosidades:
- Só na sepultura de Tutancâmon, foram achados mais de 5 mil objetos;
- Os mumificadores eram sacerdotes. O que vestia a máscara de Anúbis acompanhava a cerimônia, recitando orações;
- Os olhos também eram retirados e substituídos por vidros pintados.
CONSULTORIA: William Peck, egiptólogo e
historiador, Patricia Podzorski, curadora de arte egípcia da
Universidade de Memphis, e Ann Macy Roth, professora de egiptologia da
Universidade de Nova York.
FONTES: Sacrifice for the State: First Dynasty Royal Funerals and the Rites at Macramallah¿s Rectangle, de Ellen F. Morris.
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