Xadrez já foi matéria obrigatória nas escolas brasileiras
Que matérias já foram obrigatórias nas escolas brasileiras?
Desde educação moral e cívica até bordado e horticultura, os alunos
brasileiros já foram obrigados a estudar todo tipo de coisa na escola. A
variedade de matérias adotadas - e descartadas - no currículo é fruto
da própria variação do contexto sócio-econômico no país e do
direcionamento político dos governos que se sucederam ao longo da
história. Vale lembrar que, na verdade, o currículo básico definido pelo
governo não é totalmente rígido. Ele estipula o que deve constituir a
base do ensino, mas dá certa liberdade para as escolas montarem suas
grades. A lei atual, por exemplo, diz que são obrigatórias aulas de
educação física. Porém, cada escola pode escolher como serão essas
aulas. Assim, enquanto um colégio pode ficar no feijão-com-arroz do
futebol e basquete, outro pode optar por esgrima, badminton ou outro
esporte diferentão. :- P
PROFESSOR ALOPRADO
Veja algumas das disciplinas mais inusitadas já ensinadas no Brasil
CURSO BÍBLICO (1549-1827)
No Brasil colonial, se nem havia escolas direito, imagine então um
currículo! O que rolava de ensino obrigatório era, na verdade, uma
catequização. Os padres jesuítas ensinavam doutrina cristã e língua
portuguesa aos índios para que, assim, eles pudessem ler a Bíblia e
converter-se ao catolicismo.
LÁPIS E BORDADO (1827-1879)
Nesse período, o currículo começou a ter o formato que conhecemos hoje,
com aulas de matemática, ciências e ginástica. Porém, a escola refletia
o machismo da sociedade: as meninas só aprendiam a ler, a escrever e a
fazer as contas básicas de matemática - além disso, tinham aulas de
bordado e outras prendas domésticas.
JE SUIS BRÉSILIEN (1890-1946)
Com a República, a influência francesa aumentou e o idioma do biquinho
passou a ser obrigatório. Os alunos também passaram a ter aulas
"disciplinadoras", como caligrafia, voltadas para difundir entre a
população os princípios burgueses de valorização da família e do
trabalho para o progresso do país.
TRABALHO INFANTIL (1879-1890)
Na ebulição política que antecedeu a Proclamação da República, o
currículo incorporou matérias voltadas para atividades produtivas, como
uma espécie de ensino técnico. Havia aulas de noções de lavoura e
horticultura, além de marcenaria e economia, para os meninos, e, para as
meninas, costura e economia doméstica.
APRENDENDO A NÃO PENSAR... (1946-1986)
Nesse período, as meninas chegaram a ter aulas de puericultura, em que
aprendiam a cuidar de bebês. A partir do golpe militar, em 1964,
disciplinas reflexivas, como filosofia, cederam lugar para coisas como
organização social e política brasileira (OSPB), tudo para formar
cidadãos comprometidos com a máquina verde-amarela - mas, claro, que não
pensassem muito sobre isso...
BOTANDO PINGOS NOS IS (1986-1996)
A redemocratização do país foi acompanhada de um ajuste no currículo,
que ficou mais específico. Por exemplo, no lugar de comunicação e
expressão, nasceram português e literatura; em vez de estudos sociais,
história e geografia; e a matemática virou matéria própria, destacada do
vasto campo das ciências.
PENSO, LOGO, EXISTO (1996-HOJE)
Em tempos de globalização - e pra não ficar no "enrolation" do "la
garantia soy jo" -, a galera também passou a aprender ao menos uma
língua estrangeira moderna. E, desde 2008, filosofia e sociologia, que
haviam sido banidas pelos militares, voltaram ao ensino médio.
O QUE ROLA DE MAIS DIFERENTÃO HOJE
Em colégios no Brasil...
Cansou de futebol nas aulas de educação física? É só ir para Vila Nova
do Piauí: nas escolas municipais de lá, os alunos jogam é xadrez! Já em
Guaíra e Barretos, cidades do interior de São Paulo, a galera tem aula
de cultura pela paz, em que aprendem a ser compreensivos, dialogar com o
próximo, controlar as emoções e - ufa! - relaxar...
... e no mundo
Em algumas províncias do Japão, os alunos - todos! - têm aulas de
técnicas domésticas básicas, para aprender a cozinhar ou a costurar um
botão de calça. Para a turma do paz-e-amor, nas escolas públicas do
estado de Himachal, na Índia, é obrigatório praticar ioga. Já em Abu
Dhabi, capital dos Emirados Árabes, a onda não está tão zen: a galera de
lá tem aulas de jiu-jítsu!
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