Balneário onde presidente relaxa é marcado por contraste social
A residência onde a presidente fica é no centro da vila, tem lagoas com patos e foi reformada este ano para recebê-la
A praia de Inema foi mais uma vez escolhida para o descanso presidencial. Dilma Rousseff, de férias até 10 de janeiro e com expectativa de permanecer até o dia 8 em Salvador, desistiu de viajar a Itacaré, no Sul da Bahia, para repousar nas águas tranquilas do Subúrbio Ferroviário.
Presidente (de vestido verde, embaixo do toldo) caminhou no fim de tarde em praia situada em área militar ao lado de convidados
No final da manhã de ontem, a presidente chegou à Base Aérea de Salvador. No aeroporto, emoção e expectativa de um grupo de cerca de 50 pessoas. Já na praia de São Tomé de Paripe, divisa com a praia de Inema, não se falava em outra coisa a não ser a chegada da visitante famosa, que ficará com a família na vila residencial da Base Naval de Aratu.
Para o empresário Bruno Lincoln Ferreira, 25 anos - que se juntou por mais de 50 minutos a um grupo que esperava a chegada da presidente -, a espera valeu a pena. “Tô emocionado! Adoro a Dilma”, afirmou. A movimentação pôde ser vista da área externa do Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães.
Já em Inema, os moradores estavam divididos da presidente por um muro que se inicia na guarita de segurança da base, construído da rua até a areia, seguido de alambrado que alcança um trecho do mar da Baía de Todos os Santos.
“Eu queria era que a presidente viesse do lado de cá, para ver a falta de estruturas decentes para o povão aproveitar a praia, que é o único lazer que a gente pode ter”, provoca Cristiano Rocha, 29 anos, funcionário de uma das barracas da área.
Queixas
Se a presidente resolver aceitar a sugestão de Cristiano, muitos já têm ensaiado o que gostariam de falar para ela. Carlos Oliveira, 49, dono da barraca onde Cristiano trabalha, pediria que Dilma desse umas dicas ao prefeito João Henrique e deixasse os ambulantes trabalhar com maior tranquilidade.
“Aqui a gente não pode colocar mais de cinco mesas, mesmo com a clientela pedindo, ficando aí sem lugar para relaxar. A fiscalização leva as nossas mercadorias, mas condições de trabalho que é bom, nada”, reclama.
Morador de Paripe e frequentador assíduos da praia, o casal Valdice Cotrim, 46, e Jorge Luis Ferreira, 55, alertaria sobre a falta de banheiros na praia. Já o pescador José Duarte Marciel, 45, não gostou muito da visita, que o obriga a fazer um retorno maior na volta do mar.
“Na quarta-feira, colocaram aquelas boias amarelas e a gente não pode passar, e ali é uma região que dá muito peixe”, reclama o pescador, se referindo à Área Com Limitação de Navegação, que é de dois quilômetros.
“Quando Fernando Henrique teve aqui, ele passou pela rua, falou com os ambulantes. Tenho até hoje um autógrafo que ele me deu. A Dilma, que diz que é do povo, deveria passar por aqui também”, destaca Dulcevan Francelina da Silva, 53 anos, vendedora de peixe frito no
local.
Aparição
No píer do Terminal Marítimo de São Tomé de Paripe, onde passa diariamente uma média de 1.800 pessoas, a aglomeração da imprensa instigava passageiros a arriscar onde a presidente passará os próximos dias. “Tenho um amigo da Marinha que fez a faxina da casa. Ele disse que é muito luxuosa e que todos os móveis foram trocados. Tem uma sala com duas TVs de plasma só para ela”, contou um dos passageiros que desembarcaram no píer.
A residência onde a presidente fica é no centro da vila, tem lagoas com patos e foi reformada este ano para recebê-la. Por volta das 18h, com um vestido verde escuro, a presidente Dilma e quatro convidados foram à beira da praia, onde um toldo branco tinha sido montado de manhã. Lá, a presidente passou 28 minutos, conversou com convidados e se refrescou com água de coco.
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