BEIRUTE (Reuters) - O chefe de uma missão da Liga Árabe que investiga se a Síria está cumprindo um plano de paz disse não ter visto "nada assustador" na cidade de Homs, berço da revolta contra o governo do presidente Bashar al-Assad, mas muitos moradores disseram que já perderam a confiança nos monitores.
O general sudanês Mustafa Dabi disse que sua equipe precisa de mais tempo para inspecionar Homs antes de dar um veredito final, mas residentes do distrito de Baba Amr, onde a equipe realizou uma visita inicial, disseram ter sentido que os monitores não estavam respondendo a suas queixas.
"Houve alguns locais onde a situação não era boa", disse Dabi à Reuters por telefone. "Mas não havia nada assustador, ao menos enquanto estivemos lá. As coisas estavam calmas e não ouve confrontos".
Homs é o coração da revolta de nove meses contra o governo de Assad e tornou-se um dos seus locais mais sangrentos com rebeldes armados lutando contra tanques e metralhadoras do governo.
Os monitores estão na Síria para verificar se o país está retirando suas tropas das cidades e detendo a violência, que ameaçou o início de uma guerra civil.
"Eu senti que eles realmente não reconheceram o que eles têm visto. Talvez eles tenham ordens para não mostrar simpatia. Mas eles não parecem entusiasmados em ouvir as histórias das pessoas", disse Omar, residente e ativista em Baba Amr.
"Nos sentimos como se estivéssemos gritando em um vazio", disse ele.
"Colocamos nossa esperança na Liga Árabe", disse Omar. "Mas estes monitores parecem não entender como o regime funciona, eles não parecem interessados ��no sofrimento e na morte que as pessoas têm enfrentado."
Ativistas disseram ter mostrado à equipe edifícios marcados com balas e morteiros e apontaram o que eles disseram ser tanques, mas só tiveram duas horas para acompanhá-los em uma visita.
Dabi disse que sua equipe não viu tanques mas que tinham visto alguns veículos blindados. Ele disse que sua equipe planejava visitar Baba Amr novamente.
"A situação parecia reconfortante até agora", disse ele. "Mas lembre-se, este foi apenas o primeiro dia... Temos 20 pessoas que estarão lá por um longo tempo."
Os monitores visitaram as famílias de pessoas mortas na violência recente, bem como alguns dos feridos.
Mohammed Saleh, um ativista em Homs, disse à Reuters na terça-feira que o Exército tinha retirado tanques do perímetro de Baba Amr, num movimento que críticos disseram ser uma jogada do governo para enganar monitores.
Residentes em Baba Amr estavam irritados por não terem convencido os monitores a visitarem os bairros mais atingidos do distrito, disse ele.
Um residente de Homs, que pediu para não ser identificado, disse que a visita permitiu que ativistas levassem mais suprimentos a áreas cercadas pelas forças de segurança.
"A única coisa boa que saiu da visita é que conseguimos trazer alimentos para o bairro e para outras áreas", disse ele.
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