JORNAL DO BRASIL ADVERTE PARA "ONDA DE DENUNCISMO" CONTRA O JUDICIÁRIO

O Jornal do Brasil, um dos expoentes do
jornalismo brasileiro há mais de 100 anos, divulgou editorial, em sua
edição online desta quinta-feira (26), no qual adverte para os riscos do
que chamou de "onda de denuncismo" contra o Poder Judiciário. "Se, por um
lado, este movimento traveste-se de apelo à moralidade e à lisura, por
outro, torna iminente uma perigosa perspectiva: a do caos na sociedade",
acentuou.

Em outro trecho, o editorial destacou que o respeito pela
instituição "Justiça" é um princípio do Jornal do Brasil. "Acatamos sem
pestanejar suas decisões. Pagamos dívidas que sequer construímos, quitamos
débitos contraídos por outros no passado, numa clara demonstração do quanto
as deliberações jurídicas nos são imperativas. E, neste contexto, não
deixaremos que a instituição "Justiça" seja desmoralizada com denuncismos
escusos e sem um objetivo claro".

De acordo com o Presidente da AMB,
Nelson Calandra, lamentavelmente, está ocorrendo um processo que visa
desmoralizar e fragilizar o Judiciário brasileiro. "Importante é que um
jornal da credibilidade e do respeito do Jornal do Brasil tenha advertido
para esse risco. O Judiciário é o principal sustentáculo do Estado de
Direito. A independência de julgar e a liberdade de imprensa são pilares
fundamentais à democracia e à cidadania", pontuou Calandra.

Leia abaixo o artigo na íntegra ou clique aqui para ver a edição online:


A onda de denuncismo que já atingiu o Legislativo e
corrói o Executivo está agora em pauta no Judiciário. Se, por um lado, este
movimento traveste-se de apelo à moralidade e à lisura, por outro, torna
iminente uma perigosa perspectiva: a do caos na sociedade.

Todos os momentos em que o Judiciário foi atacado e perdeu seus poderes, a
instabilidade se instalou entre os cidadãos. A Justiça é o coração da
sociedade. Sem ela, não é possível viver.

Um exemplo claro disso aconteceu semanas atrás, quando policiais do Ceará entraram em greve.

Sem PMs - um braço da Justiça - nas ruas, arrastões e assaltos deixaram a
população em pânico. Lojas fecharam suas portas, famílias se abrigaram em
suas casas e trabalhadores buscaram abrigo.

Mais recentemente, um fato acontecido em Pinheirinho, em São Paulo, também mostrou a importância da
presença da Justiça para o restabelecimento da ordem. Em protesto, a
população chegou a queimar prédios públicos, numa mostra do que é possível
acontecer sem a presença da força e da ordem.


A desmoralização do Poder
Executivo deixa à mostra as cicatrizes deste processo. Fernando Collor de
Mello foi retirado da Presidência do País por causa da corrupção. Com José
Sarney, o Brasil viu os números da inflação subirem para índices recordes.
Mais tarde, um petista foi eleito pelo povo pobre e se transformou num
ídolo, mas teve seis ministros derrubados.

No Legislativo, a desmoralização continua: dos anões do orçamento ao escândalo do mensalão, uma sequência de denúncias manchou o Congresso e estimulou o desrespeito da população.

Há mais de 30 anos, vários estados do Brasil vivem sob o
domínio de famílias que se perpetuam no poder, como os Sarney e os
Magalhães. Mais uma vez, esta prática compromete a democracia e contribui
para a destruição dos poderes nacionais.

Um país pode viver sem a sua
"cabeça" - Poder Executivo, sem seus "membros" - Poder Legislativo -, mas
não pode viver sem seu "coração" - Poder Judiciário.

Ao longo dos seus 120 anos, o JB sempre esteve ao
lado do que é justo é certo. Nos momentos mais difíceis de nossa vida
política, abraçou com coragem a causa, não abrindo mão da verdade e da
liberdade.

O respeito pela instituição "Justiça" é um princípio do Jornal
do Brasil. Acatamos sem pestanejar suas decisões. Pagamos dívidas que
sequer construímos, quitamos débitos contraídos por outros no passado, numa
clara demonstração do quanto as deliberações jurídicas nos são imperativas.

E, neste contexto, não deixaremos que a instituição "Justiça" seja
desmoralizada com denuncismos escusos e sem um objetivo claro.

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