Dizendo-se decepcionado com o tradicional aliado Aécio Neves (PSDB),
Ciro Gomes (PSB) resolveu declarar apoio à reeleição da presidente Dilma
Rousseff (PT) em 2014. Ele acredita que o PSB perdeu a chance de
concorrer em 2010 e agora só deve sonhar com a Presidência em 2018.
"Caso queira disputar em 2014, deve entregar os cargos que tem no
governo federal agora", afirmou, em meio a campanha intensa que faz em
Fortaleza para tentar eleger o deputado estadual Roberto Cláudio (PSB)
prefeito de Fortaleza.
A Operação Beagá pode prejudicar a aliança do PSB com o PT em 2014?
Nós
compreendemos, guardando aí a história do Brasil, que eleição municipal
é episódio que por regra se exaure por si mesmo. Claro que desgastes,
mal-entendidos, tristezas e frustrações podem gerar consequências
futuras. Mas, em Belo Horizonte, está acontecendo um caso muito
específico que é consequência de um erro, na minha opinião primário, que
o Aécio Neves cometeu.
Que erro foi esse?
Eu
disse a ele, quando fomos conversar, que ele cometeu um erro primário. O
Aécio resolveu sair de uma posição que o distinguia, que o elevava, que
o punha em alto nível, sendo talvez a única exceção do Brasil a partir
de Belo Horizonte, onde a conflagração estéril e miúda entre o PT e PSDB
imposta por São Paulo ao Brasil mostrava que era possível fazer
diferente. E isso produziu como consequência uma convergência com o PSB e
uma administração de melhor avaliação do País. Portanto, não só a
qualidade política distinguiu o Aécio nessa aliança, como a consequência
desse gesto, vamos dizer generoso, político superior, de alto nível,
produz a melhor administração em capitais do Brasil. Isso credenciava o
Aécio a ser considerado de forma distinta pelo exemplo, menos pela
retórica. E ele, inacreditavelmente, acho que por influência da
alienação política que Brasília provoca nas pessoas, resolveu forçar a
mão em cima do Marcio Lacerda para provocar o fim da aliança com o PT e
precipitar em Belo Horizonte uma disputa completamente extemporânea,
descabida, pela Presidência da República.
A conversa que o senhor teve com Aécio Neves respinga em 2014?
Minha
afeição, meu apreço, meu respeito, meu carinho pelo Aécio não mudam.
Mas eu preciso dizer em alto e bom som que fiquei muito decepcionado com
este movimento dele.
O senhor não apoiaria mais Aécio para presidente do Brasil em 2014?
Nós
nunca tivemos uma relação fora de Minas Gerais. Se o Aécio fosse
candidato à Presidência da República numa certa circunstância, no
passado, eu admitiria votar nele, porque acho que ele seria importante
para o Brasil nessa circunstância de exemplo de político. Mas esta
confrontação estéril, despolitizada, entre o PT e o PSDB de São Paulo
tem provocado muita coisa ruim no Brasil. Quando Fernando Henrique
Cardoso tomou posse, ele era claramente uma novidade importante para o
País. O PT se recusa a apoiar o Fernando Henrique e ele se abraça com o
PFL e o PMDB. Não propriamente com os partidos, mas com a escória desses
partidos. Em seguida o Lula ganha a Presidência da República. O PSDB
então, incrivelmente, se recusa a dialogar com Lula. E Lula se obriga a
confraternizar, de novo, com a escória da política brasileira. De
maneira que o que muda do PSDB para o PT é só a escória que não sai do
poder no Brasil.
Como será a disputa em 2014?
Na
minha opinião, nós temos uma obrigação moral com a presidenta Dilma.
Nossa vez de ter lançado candidato próprio era na vez passada. Porque
não havia uma candidatura natural. O Lula encerrava um ciclo. Eu tinha o
segundo lugar nas pesquisas. Como percebemos o movimento contra a minha
pessoa e fui da opinião de votar logo no primeiro turno na Dilma, agora
participamos do governo da Dilma e eu cultivo a lealdade.
Só 2018, então?
É.
Uma vocação natural do partido é disputar. E podemos até disputar em
2014, mas temos que sair publicamente agora do governo e dizer qual o
projeto melhor que temos para oferecer ao povo brasileiro. Mas agora
estamos apoiando é a Dilma.
E a eleição em Fortaleza?
Nós,
liderados pelo governador Cid Gomes, nos esforçamos até a undécima hora
para votar num candidato do PT, desde que tivesse autonomia em relação à
atual administração e pudesse sinalizar respeitosamente para Fortaleza
que o clamor por mudança seria atendido. Infelizmente não conseguimos,
pois os companheiros do PT não convenceram a prefeita, que tem o
controle da burocracia, e isso nos levou a romper com a obrigação de
apoiar o candidato do PT. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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