Bahia terá mais secas e menos água no futuro, dizem especialistas
Pesquisadores garantem que o estado baiano vai sofrer com o aumento da temperatura, menos chuvas e escassez de água para consumo. Inclusive em áreas longe da seca. O Valor da Água será o tema do seminário de Sustentabilidade do Fórum Agenda Bahia
O cinema catástrofe, apesar da fantasia
hollywoodiana, tem alertado sobre as consequências da interferência do
homem no clima do planeta. Os altos índices de emissão de gases
poluentes na atmosfera e a destruição de áreas verdes são sinais mais
evidentes, e preocupantes, de como estamos provocando mudanças no clima
que podem ocasionar em aumento da temperatura, menos chuvas e escassez
de água para consumo.
A comunidade científica em geral não acredita que
filmes como “2012” estejam tão próximos de se tornar realidade. Mas,
para pesquisadores, o sinal amarelo dos efeitos das mudanças climáticas
já acendeu, inclusive na Bahia.
De acordo com resultados do Relatório de Avaliação
Nacional de Mudanças Climáticas, organizado pelo Painel Brasileiro de
Mudanças Climáticas (PBMC) e divulgado em evento paralelo ao Rio + 20, a
temperatura vai aumentar em média 4ºC em todo o país até o fim deste
século. O documento alerta também para uma menor incidência de chuva no
Nordeste.
A mesma constatação é feita pela pesquisa do
professor Fernando Genz, doutor em Geologia e membro do Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola Politécnica da Ufba
(Universidade Federal da Bahia). Segundo o estudo, a temperatura na
Região Metropolitana de Salvador vai aumentar entre 1,1ºC e 1,5ºC até
2040 (em relação à média registrada entre 1961/1990). No interior do
estado, a elevação média será de 2ºC no mesmo período.
Entre 2041 e 2070, o aumento será de 2ºC a 3,5ºC.
“Essas simulações levam em conta as emissões dos gases de efeito estufa e
aerossóis e são baseadas nos cenários do relatório do IPCC (sigla em
inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima)”, explica o
pesquisador. Nos estudos de Genz, as simulações de temperatura atuais
são praticamente idênticas às medições reais. Portanto, o grau de acerto
da pesquisa é grande.
No cenário mais otimista, a partir de 2070 haverá
uma estabilização no uso dos combustíveis fósseis, o que contribuiria
para a diminuição do efeito estufa e, consequentemente, do aquecimento
global. “Mas não estamos vendo nada nesse sentido. Pelo contrário. As
emissões atuais registradas estão acima das simulações mais pessimistas.
A situação é grave porque há resistências dos países mais poluidores em
aderir a acordos ambientais”, diz Genz, citando exemplos dos Estados
Unidos e da China.
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Impacto no litoral
Além do aumento da temperatura, outro problema provocado pela interferência negativa do homem sobre o meio ambiente é a redução das precipitações, ou seja, das chuvas. Embora não haja estudo científico profundo apontando as causas da seca que castigou a Bahia e o Nordeste em 2012, a mais dura dos últimos 47 anos, os pesquisadores acreditam que o fenômeno é resultado das mudanças climáticas.
Além do aumento da temperatura, outro problema provocado pela interferência negativa do homem sobre o meio ambiente é a redução das precipitações, ou seja, das chuvas. Embora não haja estudo científico profundo apontando as causas da seca que castigou a Bahia e o Nordeste em 2012, a mais dura dos últimos 47 anos, os pesquisadores acreditam que o fenômeno é resultado das mudanças climáticas.
Segundo dados do Instituto do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos da Bahia (Inema), nos últimos dez anos houve uma
redução média de 268 milímetros de chuva em Salvador. A pesquisa do
professor Fernando Genz aponta para um cenário ainda pior. “Essa redução
deve ser de 10% no litoral a 20% na região mais seca entre 2011 e 2040.
Já entre 2040 a 2070, ela será de até 50% no semiárido e 40% em outras
regiões do estado. Isso seria bastante grave”, alerta.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
tem trabalhos que demonstram que o Nordeste deve sofrer ainda mais com
as próximas secas, graças ao aumento constante da temperatura,
desertificação (quando o solo é transformado em deserto por ação humana
ou processo natural), redução da quantidade de chuva e da umidade.
Prevenção
A pesquisa da engenheira ambiental Samara Fernanda da Silva sugere um controle maior dos recursos hídricos. Ela afirma que o plano municipal de saneamento básico de Salvador, em fase de elaboração pela Secretaria de Transportes e Infraestrutura (Setin) continua desconsiderando o fenômeno das mudanças climáticas.
A pesquisa da engenheira ambiental Samara Fernanda da Silva sugere um controle maior dos recursos hídricos. Ela afirma que o plano municipal de saneamento básico de Salvador, em fase de elaboração pela Secretaria de Transportes e Infraestrutura (Setin) continua desconsiderando o fenômeno das mudanças climáticas.
O governo da Bahia também não tem planejamento
voltado para os efeitos das mudanças climáticas na Bahia. Alguns estados
brasileiros contam com apoio de instituições, como Embrapa, para
desenvolver novas técnicas e equipamentos para enfrentar os
desdobramentos do clima, inclusive na produção de alimentos.
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