Ministério da Defesa precisa de profissionais de TI
Nacionalistas por vocação e estratégia, os militares já começaram a
mover fornecedores brasileiros de equipamentos e serviços em TI –
notadamente nos quase R$ 6 bilhões que o Exército investiu em um
simulador de guerra cibernética, da carioca Decatron (R$ 5,1 bi) e no
anti-malware (R$ 800 mil) desenvolvido pela Bluepex, de Campinas-SP. E
há mais pela frente.
Mas as mudanças também chegam às escolas e cursos preparatórios.
“Os cursos da Escola de Comunicações está sendo reformulado. Há novo
conteúdo, com foco no planejamento e utilização de TICs e segurança da
informação, atendendo as imposições do setor cibernético”, explica o
comandante do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, tenente-coronel
Marcio Souza Fava.
Imposições, inclusive, numéricas. A partir do próximo ano, o
Exército dará início ao que chamou de Curso de Capacitação em Massa,
realizado totalmente à distância. O norte é produzir futuros
especialistas em defesa cibernética, mas não há como fugir dos conteúdos
de TICs, inclusive avançados. O curso, de 250 horas, começa com um
único módulo, de 90 alunos. “Mas no ano seguinte já vamos passar para 7
ou 8 módulos”, completa o tenente-coronel.
São mais de 500 especialistas por ano – dos quais a tropa pretende
selecionar a nata – em apenas única iniciativa. Paralelamente segue a
reformulação dos cursos tradicionais e estágios, além de acordos com
universidades federais. O Exército está mais adiantado porque cabe a ele
o vetor dessas mudanças – a defesa cibernética –, mas Marinha e Força
Aérea também se mexem.
Na Marinha, única das três forças que não conta com um instituto
tecnológico associado, também há um novo desenho nas parcerias com
universidades. Segundo o contra-almirante Alípio Jorge da Silva, diretor
de comunicação e TI da Marinha, os conteúdos mais relevantes são em
bancos de dados, ciência da computação, criptografia e engenharia de
software.
Já na FAB, a transição tem um componente adicional. A Aeronáutica
possui três centros de computação – em São José dos Campos-SP, Rio de
Janeiro e Brasília – mas reconhece que as novas demandas vão além das
capacidades da equipe. Por isso, o plano é contratar a iniciativa
privada para projetar, desenvolver, testar, validar e dar manutenção às
soluções definidas internamente.
“A FAB tem grandes limitações de pessoal e a demanda de TI é
imensa. Até há pouco, sistemas corporativos eram desenvolvidos in house,
mas na nova orientação, serão todos contratados”, revela o brigadeiro
Pedro Arthur Linhares, diretor de TI da Força Aérea. “Só não podemos
usar a terceirização em segurança da informação e defesa cibernética,
que serão os focos da nossa formação.”
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