Imprensa italiana fala de bloqueio e ingovernabilidade após eleições


"Parlamento bloqueado", "Itália ingovernável" e "Boom de Grillo" são algumas das manchetes nesta terça-feira da imprensa italiana, preocupada após os resultados das eleições gerais que não deram uma maioria clara no Senado e deixam o país em crise política.
O principal jornal do país, o Corriere della Sera, destacou um "voto de choque" e um Parlamento sem maioria. Apesar da centro-esquerda ter conquistado uma vitória apertada na Câmara dos Deputados, superando a direita de Silvio Berlusconi, no Senado a coalizão (113 cadeiras) está longe da maioria absoluta (158).
Em um editorial, o Corriere della Sera, jornal de centro-direita, ressalta o sucesso de Beppe Grillo, o líder de um movimento antissistema que soube canalizar a frustração de parte do eleitorado ante os partidos tradicionais.
"É a vitória de uma Itália eurocética frente à política de austeridade econômica", afirma.
O jornal La Repubblica também cita uma Itália "ingovernável" e destaca "o forte aumento dos votos para Berlusconi", que todos davam como derrotado desde sua saída do poder em novembro de 2011, assim como o "fiasco de Mario Monti", que lançou a candidatura à frente de um ambicioso movimento de "novo centro".
"Nas ruínas subsiste um Parlamento dificilmente governável e um Parlamento altamente inflamável", afirma o jornal em um editorial na primeira página.
A publicação ressalta o "gosto amargo de uma vitória quase simbólica da esquerda, que ganhou graças a um punhado de votos e não é autossuficiente no Senado, inclusive com a inútil muleta de Monti".
O jornal La Stampa comenta sobre o "Parlamento bloqueado".
"A Itália real expressou seu mal-estar. Ouvimos as vozes e as histórias dos que não encontram trabalho, não chegam ao fim do mês com sua pensão, pensam que não têm futuro e fogem para o exterior".
Segundo o jornal de esquerda Il Fatto Quotidiano, o presidente da República, Giorgio Napolitano, pode promover "um governo de grande coalizão" entre a esquerda de Bersani, a direita de Berlusconi e o centro de Monti.

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