Do brilho à desilusão: o fim da linha para Gaúcho e Kaká?


Os últimos remanescentes de uma geração que ficou só na promessa não irão à Copa das Confederações. Ainda dá para sonhar com uma vaga no Mundial?

Kaká e Ronaldinho Gaúcho, na Copa das Confederações na Alemanha em 2005
Kaká e Ronaldinho Gaúcho, na Copa das Confederações na Alemanha em 2005 (Antonio Scorza/AFP)
Presença constante nos últimos amistosos do Brasil, Ronaldinho não correspondeu às expectativas de Felipão. Kaká tinha conquistado uma vaga com Mano, mas a troca de comando na seleção o prejudicou
Eles eram os expoentes máximos de uma geração de muito talento. Depois de um período de carência criativa, o futebol brasileiro finalmente tinha encontrado jogadores dignos de vestir a camisa 10 da seleção brasileira - e eram dois de uma só vez. No Mundial de 2002, ainda eram jovens valores, mas participaram da campanha vitoriosa do pentacampeonato. Desde então, porém, Ronaldinho Gaúcho e Kaká não brilharam como se esperava com a camisa amarela. O primeiro foi a grande aposta brasileira no Mundial de 2006. Ronaldinho foi uma grande decepção na Alemanha. Kaká vestiu a 10 na Copa seguinte, na África do Sul. Também não passou das quartas de final com a equipe treinada por Dunga. Depois de mais de uma década se alternando como figuras incontestáveis do meio-campo da seleção, o tempo de Ronaldinho e Kaká parece ter chegado ao fim nesta terça-feira, com a convocação dos jogadores que disputarão a Copa das Confederações. A ausência da dupla de veteranos craques não significa, é claro, que eles estão totalmente descartados para o Mundial de 2014. Mas ao que parece, será difícil convencer Luiz Felipe Scolari a dar uma nova chance a dois atletas que, pelo menos na seleção, nunca chegaram a brilhar como se esperava. No mês que vem, enquanto Felipão tentará montar uma seleção mais jovem e versátil, os dois serão simples torcedores, assistindo às partidas pela TV.
Uma das maiores surpresas na lista dos convocados foi a ausência de Ronaldinho Gaúcho. O jogador do Atlético-MG perdeu a vaga enquanto atletas muito menos cotados, como seu companheiro de equipe Bernard e o discreto Jadson, garantiam um lugar no grupo. Presença constante nos últimos amistosos do Brasil, Ronaldinho não correspondeu às expectativas de Felipão – e da torcida – e terá de mostrar mais serviço se quiser jogar a Copa. Além de atuações bem diferentes das que mostra em seu clube, o gaúcho também teria deixado Felipão insatisfeito por seu comportamento. Na apresentação da seleção em Belo Horizonte, ele foi o único a se atrasar, mesmo morando na própria cidade. Depois de uma passagem apenas mediana pelo Milan, último clube europeu que defendeu, Ronaldinho decidiu voltar ao país de origem justamente para tentar mostrar seu melhor futebol e buscar uma vaga na seleção. No Flamengo, viveu mais baixos que altos e saiu sendo chamado de mercenário pela torcida rubro-negra. Depois, no Atlético, com a ajuda de Jô, Tardelli e Bernard, conseguiu recuperar o bom futebol tão esperado pelos fãs. Foi chamado novamente para a seleção principal, mas suas atuações pouco inspiradas em campo marcaram pontos negativos contra o experiente jogador.

Já com Kaká, a história é outra. Jogador do Real Madrid, time que defende desde 2009, o meia vinha crescendo com o ex-técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, que vinha escalando o jogador revelado pelo São Paulo como um dos pilares de sua equipe. Kaká parecia muito perto de garantir sua vaga para a Copa das Confederações. Sob o comando de Felipão, no entanto, o ex-camisa 10 da última Copa do Mundo foi perdendo espaço – para Oscar, Jadson e o próprio Ronaldinho Gaúcho – e acabou ficando de fora da lista final. Por não ser titular no Real, sentiu a falta de ritmo de jogo. E por não atuar no futebol brasileiro, teve menos chances que Ronaldinho e Jadson de aparecer para Felipão (em suas duas últimas partidas no comando da seleção, o técnico só conseguiu convocar atletas de clubes brasileiros). Nos jogos contra Rússia e Itália, entrou no segundo tempo e teve poucos minutos para exibir o bom futebol esperado por todos. Desde que se transferiu para a Espanha, o meia de 31 anos nunca mais conseguiu repetir as atuações pelo Milan, clube que defendia quando foi eleito o melhor jogador do mundo, em 2007. Sem espaço em Madri, talvez a melhor opção seja mesmo voltar ao Brasil, para tentar se reerguer e, quem sabe, convencer Felipão a mudar de ideia.

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