Como era a vida na armada de Pedro Álvares Cabral?
FROTA DE RESPEITO
Em 9 de março de 1500, 13 navios da expedição de Pedro Álvares Cabral
deixaram Lisboa, levando 1,5 mil homens. Eram três caravelas (naves
menores e ágeis, com até 50 toneladas) e dez naus (com até 250 toneladas
e capacidade para 200 pessoas). Além do tamanho, a principal diferença
era o formato das velas.
NETUNO DOMINADO
A caravela foi o trunfo que fez de Portugal uma potência marítima até o
século 18. Ela era leve, mudava de direção com agilidade, navegava
rápido contra o vento e chegava mais perto da costa do que navios
maiores. Outro fator importante para o domínio naval português foi a
utilização de caravelas armadas com canhões.
JOGO DA VIDA
Entediados pela viagem (cerca de um mês e meio até o Brasil), os
marinheiros criavam passatempos. Os preferidos eram apostas, como jogos
de cartas e dados. Os padres, responsáveis por manter a moral a bordo,
monitoravam a jogatina, celebravam missas e cuidavam dos doentes, já que
não havia médicos.
CAMA PRA QUÊ?
Apenas os mais graduados tinham o luxo de um quarto e uma cama. Os
marinheiros dormiam sob o castelo da popa, a estrutura mais alta do
navio. Como não cabia muita gente ali, o jeito era dormir no convés, ao
relento, em frágeis colchões de palha. Os porões eram reservados para
guardar água, mantimentos e munição.
DIETA FORÇADA
O cardápio era de matar. O principal item era biscoito água e sal duro
(600 g diários). A ração ainda incluía 1,5 litro de água e 1,5 litro de
vinho por dia e 15 kg de carne por mês. Calcula-se que seriam
necessárias 5 mil calorias por dia nessas condições, mas a alimentação
nos navios só fornecia 3,5 mil.
APOCALIPSE NAU
A sujeira reinava. Como não havia banheiros, as necessidades eram
feitas no mar ou nos porões. Ratos infestavam os navios e transmitiam
doenças. A falta de banho também contribuía para tornar a higiene a
bordo calamitosa. Não à toa, das 1,5 mil pessoas que embarcaram, apenas
500 voltaram vivas a Portugal.
SAÚDE É O QUE INTERESSA
As condições de alimentação e higiene eram precárias e nocivas. A falta
de vitamina C causava o escorbuto, doença que provoca perda de dentes,
dificuldades de cicatrização, anemia e hemorragias. O contato com bichos
a bordo causava diarreia e piolhos. Os males mais frequentes eram
enjoos e vômitos.
LONGE DE TUDO
A viagem de Cabral foi a primeira a usar sistematicamente o astrolábio.
Parecido com uma pequena roda, o aparelho mede a altura do Sol ao
meio-dia, a das estrelas à noite e fornece a latitude (posição no eixo
norte-sul da Terra). Por outro lado, a medição da longitude (posição no
eixo leste-oeste) nunca foi precisa.
SOY CAPITÁN
Cabral era o capitão-mor da armada, mas cada navio tinha um comandante,
que não precisava ser expert em navegação. Os capitães eram pessoas
próximas da corte portuguesa e do rei, dom Manuel. A função era
cerimonial e diplomática. Quem conduzia os navios eram os pilotos, que
dominavam mapas, instrumentos de navegação e ventos.
ORDEM NO CONVÉS
A hierarquia nos navios de Cabral
CAPITÃO
Autoridade máxima da embarcação.
PILOTO
Responsável de fato pela navegação. Sabia ler a bússola, as estrelas, os mapas náuticos e o astrolábio.
MESTRE
Dava ordens para marinheiros e grumetes e comandava o funcionamento geral da embarcação.
SOLDADO
Cuidava de armas e munição.
MARINHEIRO
Operário do mar. Fazia tudo no navio, de limpar a subir velas.
GRUMETE
Cumpria funções que os marinheiros não curtiam, como lavar o convés, limpar dejetos e costurar as velas.
A hierarquia nos navios de Cabral
CAPITÃO
Autoridade máxima da embarcação.
PILOTO
Responsável de fato pela navegação. Sabia ler a bússola, as estrelas, os mapas náuticos e o astrolábio.
MESTRE
Dava ordens para marinheiros e grumetes e comandava o funcionamento geral da embarcação.
SOLDADO
Cuidava de armas e munição.
MARINHEIRO
Operário do mar. Fazia tudo no navio, de limpar a subir velas.
GRUMETE
Cumpria funções que os marinheiros não curtiam, como lavar o convés, limpar dejetos e costurar as velas.
Curiosidades:
- Além de marinheiros e nobres, havia escrivães, registrando tudo. O
mais famoso, Pero Vaz de Caminha, relatou ao rei dom Manuel a descoberta
do Brasil;
- Os barbeiros, que aparavam o cabelo e a barba dos marujos, auxiliavam os padres no atendimento aos enfermos;
- O castigo para quem não cumpria as regras nos navios era ficar no porão, tirando a água que entrava pelo fundo da embarcação.
FONTES: Sites Projeto Memória, Instituto Camões e
VEJA na História, Centro de História Além-Mar (Universidade Nova de
Lisboa) e livro Brasil: Terra à Vista, de Eduardo Bueno.
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