59% dos jovens que não trabalham nem estudam são mulheres. O que o sexo tem com isso?
Mas qual a ligação disso com sexo? Pode não parecer muito claro, mas
se para fazer um bebê é necessário que um homem e uma mulher façam sexo,
por que é que apenas a mulher larga tudo para cuidar da criança e vê
sua vida transformada?
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Uma das meninas entrevistadas pelo programa explica o que aconteceu:
“Eu vi que minha vida parou totalmente. Parou totalmente. Mas vou correr
atrás”. Ser mãe não é fácil. Ser mãe jovem menos ainda. Ser mãe
adolescente, pobre e solteira? Bem, não é exatamente o que estava nos
planos de ninguém. Mas onde vão parar esses homens e por que eles sentem
que está tudo bem em deixar a criança na conta da mãe?
A resposta é: a sociedade. Nossa sociedade acredita que a mulher deve
se proteger. Ela tem que colocar uma bomba de hormônios dentro do corpo
porque o homem não quer usar camisinha com medo de brochar. A mulher
tem que se abster do sexo porque o homem pode, simplesmente, não assumir
a paternidade e seu papel na criação do bebê. Isso, por algum instante,
parece certo?
A explicação do fenômeno é simples: a menina engravida, a sociedade a
julga e humilha diariamente, ela larga a escola. O bebê nasce, ela
precisa cuidar dele. A família da menina ajuda, mas ela não consegue
mais sair de casa até que o bebê cresça. Quando ele tem idade para ir
para uma creche, a educação da menina está tão defasada que ela só
consegue empregos que a explorem de maneira assustadora. Ela aceita. Os
filhos dessa mulher não terão muitas chances no futuro e as
possibilidades de se tornam um “nem-nem” são enormes.
Entre os “nem-nem”, a maioria dos jovens é pobre e não teve acesso a
um ensino de qualidade, o que perpetua a desigualdade social que sempre
foi sentida por essa pessoa. É como se o mundo dissesse que pobres
sempre serão pobres e não há o que fazer. E o mundo, somos nós.
Indiretamente, somos nós, ricos ou pobres, que estamos dizendo isso e
minando possibilidades. Imagina se entre esses jovens está uma mente
brilhante não desenvolvida? Alguém que encontraria, sei lá, a cura para o
câncer? Mas essa pessoa nunca teve oportunidade de seguir em frente...
Educar nossos homens para que assumam seu papel na criação dos filhos
é apenas um pequeno passo. Mostrar que as consequências da
inconsequência são válidas para todo mundo, também. Não podemos aceitar
uma geração de mulheres tendo seus sonhos despedaçados. A
responsabilidade não é só delas, elas não fizeram nada sozinhas e não
deveriam ter de arcar com o peso disso sozinhas.
A culpa não é das mulheres. Sim, elas quiseram transar, mas os planos
terminavam aí. Quando tudo mudou, elas seguraram a onda e estão se
virando como podem, buscando empregos informais e criando seus filhos.
Onde há uma mãe solteira, sempre há um pai que fugiu da
responsabilidade. Quem é o covarde nessa história?
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