Segredo da simpatia está no cheiro das pessoas, dizem cientistas



Suas políticas podem literalmente feder — ao menos para aqueles que não partilham das mesmas crenças que você. Um novo estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia descobriu que as pessoas preferem o cheiro daqueles que tem as mesmas atitudes políticas.

Segundo o pesquisador Pete Hatemi, cientista político da Universidade Estadual da Pensilvânia, o cheiro pode realmente te deixar um pouco mais interessado por alguém. Na verdade, ele te deixa interessado o suficiente para você se manter perto de quem te atrai.

Atitudes políticas têm um componente biológico: o cheiro
Pete e seus colegas de trabalho já sabiam que casais tendem a ter visões políticas parecidas mais do que qualquer outra característica — depois de religião. Não é porque um relacionamento é mais duradouro que ele terá mais convergência de opiniões: segundo a ciência, essa correspondência de valores entre o casal ocorre porque as pessoas escolhem alguém politicamente semelhante a elas em primeiro lugar. Mas a coisa não para por aí. O pesquisador descobriu que as pessoas tendem a evitar expor suas políticas quando saem para encontros, o que também sugere que as atitudes políticas não contribuem muito para as primeiras impressões.

É possível que a tendência das pessoas a procurar companheiros que são como elas pode levá-las a escolher parceiros com preferências políticas semelhantes. No entanto, outra linha da pesquisa descobriu que as atitudes políticas, enraizadas como estão na personalidade e crenças básicas de cada ser humano, têm um componente biológico.

Segundo dados conseguidos por meio de tomografia cerebral, conservadores e liberais se arriscam e temem de formas diferentes. Além disso, apesar de não perceberem, os seres humanos confiam sim no cheiro na hora de escolher um parceiro. Segundo os estudos, as pessoas são mais atraídas pelo odor daqueles cujos sistemas imunológicos são compatíveis com os seus.

Odor e ideologia
Para saber se o cheiro também pode oferecer pistas sobre as atitudes básicas de uma pessoa, a equipe de Pete recrutou 146 voluntários, com idades entre 18 e 40 anos, de uma universidade e da cidade circundante, e perguntou-lhes sobre suas crenças políticas.

Os pesquisadores pediram para que 21 destes voluntários, todos eles identificados como fortemente liberais ou fortemente conservadores, usassem gazes sob as axilas por 24 horas seguidas. Para evitar a contaminação odorífera, os participantes não podiam tomar banho, usar perfumes ou desodorantes, ou até mesmo dormir na mesma cama com outra pessoa, durante esse período, entre outras regras.

Em seguida, 125 outros voluntários foram convidados a cheirar estas gazes, sem saber de quem elas vieram. Os voluntários tiveram que avaliar os cheiros numa escala de cinco pontos, e adivinharam a ideologia da pessoa preferida por cada um deles. Na verdade, os cheiros não davam pistas conscientes da ideologia — as pessoas não foram capazes de adivinhar corretamente se estavam cheirando o suor de um conservador ou de um liberal. Porém, suas preferências tinham uma inclinação ideológica.

“Os conservadores gostaram do cheiro dos conservadores e os liberais não gostaram do cheiro dos conservadores”, disse Pete. Já os conservadores eram neutros em relação ao cheiro dos liberais e os liberais eram neutros em relação ao cheiro de outros liberais.

Os pesquisadores controlaram fatores demográficos, mas o efeito foi pequeno e terá de ser replicado com outros participantes antes de tomar os resultados como verdade.

Mesmo que a preferência de cheiro seja real, não está claro o quão importante ela é para as escolhas de sexo e namoro na vida real. Se uma borrifada de colônia ou uma chuveirada é realmente capaz de tirar o odor, por exemplo, então é improvável que isso seja muito importante na escolha de um parceiro.

Além disso, os resultados não devem ser tomados como argumento de que a cultura e a sociedade não moldam a política ou o amor, informa Pete, mas sim que influências sutis e inatas do cheiro podem desempenhar um pequeno papel.

Rose McDermott, professora de relações internacionais na Brown University, suspeita que as pessoas que se alinham politicamente são mais propensas a ficarem juntas para criar os filhos com sucesso. A ideia é que elas ajam assim para obterem apoio social necessário, simplesmente porque as pessoas gostam de estar ao lado de alguém que não fica discordando e brigando o tempo todo.

E você, concorda com ela ou com a pesquisa?

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