O outro lado da Muralha e a Terra maior do que nos contam, parte 1


por J. Marins, Escritor, Professor, Jornalista e Magistrado

Nesta crônica trataremos de tema que não é inédito, que não é usual e tampouco é original; entretanto, sob licença literária - sic, convido-os a conjecturar o seguinte: pode a Terra ser maior do que pensamos? Pode a mesma separar diferentes civilizações com muralhas como as barreiras de gelo da Antártida? Caso em que o mundo seria plano e não uma suposta bola que miraculosamente mantém quaquilhões de litros de água encurvados (contrariando as básicas leis da física) e literalmente atados, sob a efígie orgulhosa de uma teoria jamais comprovada - in casu, a da gravidade, que confunde os incautos com a lei da densidade - esta sim provada e com a qual sabemos que se algo cai significa ser esse 'algo' mais pesado do que o ar. A lei da densidade é tão clara que, como regra, permite exceções, a exemplo dos balões de gás hélio que flutuam, em vez de caírem, exatamente por se tratar de 'algo' mais leve que o ar.

Absolutamente não pretendemos tratar sobre terra plana ou teorias semi-endeusadas e improvavelmente provadas. Longe disso. Vamos mais além. Sugerimos a seguinte ideia: se a Terra for maior do que se divulga, e se existirem muralhas de gelo como blocos separadores de raças ou sistemas civilizatórios, seria crível a existência de continentes, de terras, de lugares jamais divulgados, localizados para-além-das-muralhas-da-Antártida (termos ligados por hifens propositalmente, novamente sob licença literária, por óbvio)? Por que não? É perfeitamente lícito conjecturar nesse sentido, vez que não nos é dado o direito de explorar livremente o continente antártico, desde o advento do Tratado da Antártida, datado de 01/12/1959. 



Nessa hipótese, os supostos 'alienígenas' e suas fantasiosas espaçonaves poderiam ser os habitantes das localidades para-além-das-muralhas-da-Antártida, perdendo, assim, o epiteto famoso de 'extraterrestres'?

Como conjecturar ficção desse gênero ainda não configura crime (ainda?), decerto, possível fosse dado o privilégio, a qualquer um de nós (os habitantes desse lao da muralha), de visitarem espontaneamente os supostos continentes para-além-das-muralhas-da-Antártida, o que encontraríamos?  

Civilizações avançadíssimas de onde provém os inacreditáveis discos voadores? Lugares onde os seres (talvez humanos) sejam capazes de dispor de corpos diferentes a cada dia, trocando de corpo, ao acordarem pela manhã, como trocamos de roupas, somente transferindo o intelecto para o cérebro do corpo do dia, que poderia ser feminino ou masculino, ao gosto do cliente? Encontraríamos o povo atlante? Aquele mesmo devidamente propalado nas mitologias, e que, quiçá, em algum momento da nossa história, manteve gigantesca base do nosso lado da muralha, sob a forma de ilha artificial, submergindo ante os estupefatos olhares dos homens e mulheres deste lado, fazendo nascer as crenças mitológicas? Talvez em para-além-das-muralhas-da-Antártida existam ambientes assépticos, desprovidos de fome, disputas mesquinhas, exploração de qualquer natureza do individuo pelo individuo em nome do sistema, doenças ou guerras, onde os seus habitantes seriam praticamente imortais, face a longevidade cientificamente adquirida, causando espanto e arrepiando todos os fios de cabelo nos anciões da linhagem de Matusalém, propalados na Bíblia? Se tais indagações fossem, por um minuto apenas, verdadeiras, o que aconteceria com a sociedade do nosso lado da muralha após tais revelações? Permaneceriam intactos os estamentos religiosos, econômicos, sociais, militares e políticos que existem em nossa civilização? Como reagiria a população daqui, de qualquer raça, gênero, localidade e religião, mundo afora, ao descobrir as maravilhas existentes no mundo novo de para-além-das-muralhas-da-Antártida? Haveria por aqui quem se insurgisse contra o sistema vigente do nosso lado da muralha, bradando que aqui poderia ser como em para-além-das-muralhas-da-Antártida, sem fomes, sem limpezas étnicas, sem preconceitos, sem racismos, sem disputas vãs, sem egoísmos, sem fronteiras, sem esforços direcionados para a manutenção da máquina de morte urdida pelos homens do nosso lado da muralha em nome do lucro?

Sabendo da existência de para-além-das-muralhas-da-Antártida, talvez muitos bravejem, socando o ar, prontos para gritarem com quem discute a respeito do próximo campeão na Copa da Rússia, enquanto certas verdades são hermeticamente escondidas da mídia e, logicamente, da população. Talvez outros supliquem por não terem tido a oportunidade de nascer do lado certo da muralha. Quem sabe? Talvez a ONU e as poderosas nações do nosso lado da muralha, que sequer permitem a aproximação de um único barco à Antártida, sem a devida permissão, logicamente sob a mira de fuzis e canhões, sob a alegação da necessidade de manter o frio continente antártico e seus engraçados pinguins livres da exploração econômica mundial. Acreditem. Não é permitido o livre acesso à Antártida, o único continente inabitado na Terra, exceto pelas enclausuradas bases de pesquisas militares das nossas potências mundiais. Isso consta do Tratado da Antártida (o mais longevo da história mundial, cumprido integralmente até mesmo por inimigos como os Estados Unidos e a então União Soviética) para justificar o cinto de castidade imposto àquele lugar, como se, num repente, esses líderes se convertessem em Madres Terezas de Calcutá, esquecendo que os humanos do nosso lado da muralha (incentivados por eles), possuem o ensandecido desejo para invadir, destroçar, explorar e extorquir os continentes descobertos, fazendo isso, via de regra, sob o manto da cruz e da espada, como diria Hérnan Cortez, aquele mesmo nobre espanhol que com nove dúzias de homens metidos em calorentas armaduras de guerra, sequestrou o atrapalhado, exótico e grandiloquente Montezuma, o assassinou ajoelhado junto com as filhas, espalhou a mortífera gripe trazida da Europa e liquidou o antes imponente Império Asteca, com mais de três milhões de súditos, urdindo tramas e intrigas em todas as esquinas de Tenochtitlán, a indigitada capital, maior cidade do mundo à época. Vivo, hoje, Cortez nem sequer passaria próximo da Antártida, segundo o Tratado - sic. No entanto, muito difícil afirmar, vez que o Marquês do Vale de Oaxaca, como ficou conhecido, era mais dado ao mosquete do que à pena e tinta.



Bem, com base na ficção, sob a qual me escudo, na próxima  parte desta crônica lhes darei as minhas respostas - suposições ficcionais, pois, afinal, como ficcionista que sou, por que perder a oportunidade de deixar o suspense crescer triplicando o desejo nos leitores, ávidos para saberem o que haverá no próximo capítulo a respeito dos lugares para-além-das-muralhas-da-Antártida?

Até mais! 

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